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Deveriam Exigir Máximo e Não Mínimo de Vagas28.11.15

Artigo publicado no Jornal Folha de São Paulo, em 17/09/2012. p C4

 Há uma grande contradição nas exigências da prefeitura com relação ao número de vagas de estacionamento para os estabelecimentos de comércio e serviços, principalmente para os Grandes Centros de Compras. Para estes, mais do que cumprir os requisitos legais de número mínimo de vagas de estacionamento em relação à área construída dos empreendimentos, a oferta de vagas de estacionamento está na base da invenção dos empreendimentos do tipo Shopping Centers, funcionando como forte elemento de atração de clientes. A facilidade de encontrar vagas para estacionar responde por parte do êxito destes empreendimentos, principalmente numa cidade congestionada e que privilegia o automóvel. O estacionar rápido e de forma segura agrada aos consumidores que se sentem confortáveis para ir às compras e às atividades de lazer. Para os administradores de shopping centers, portanto, manter um número de vagas compatível com o seu negócio faz parte das suas intenções. Isto, sem falar nas receitas significativas geradas pela cobrança de tais serviços. O que é estranho, de fato, é a insistência do poder público por mais vagas. Esta demanda vai na contra mão da história, na medida em que a intenção, hoje, busca o reforço e a valorização do uso do transporte coletivo. Na verdade, conforme já vem ocorrendo em cidades da Europa e Estados Unidos, a exigências deveriam ser por número máximo de vagas e não mínimo. A restrição ao automóvel e a melhoria do transporte público são o primeiro passo para uma mudança na cultura dos deslocamentos urbanos. Até mesmo a forma de calcular as necessidades de vagas deveria ser repensada, pois nem sempre é o tamanho da área construída que melhor define esta necessidade, e sim o tipo de atividade, mais ou menos geradora de fluxo, e que também é mutável. A quem estas exigências favorecem? Ou será que é mais um elemento de favorecimento à indústria automobilística? O tempo passa, a dinâmica urbana muda e as leis permanecem estáticas. Está na hora de rever as normas e refletir sobre os novos tempos.